[Opinião]
26 de Janeiro de 2011 10:46
Bruno Senna e Lucas Di Grassi estão praticamente fora da temporada 2011 da Fórmula 1. Digo "praticamente" porque os pilotos ainda negociam, mas as chances são remotas.
Com isso, o Brasil terá dois pilotos entre os 24 do grid do GP do Bahrein, em 13 de março. Até aí, nenhuma tragédia. A França, por exemplo, não terá sequer um piloto. E estamos falando de um país que já teve caras como Alain Prost, Jean Alesi, René Arnoux e François Cevert.
O problema é que o Brasil, pela situação degradante em que se encontra o automobilismo nacional, vai pelo mesmo caminho do país de Prost e pode não ter ninguém para suceder a geração de Rubens Barrichello e Felipe Massa - Rubens, apesar da boa forma e da disposição, deve correr mais um ou dois anos; Massa, algo entre cinco e dez anos.
Depois que os dois picarem a mula, por quem torcerão os expectadores que gostam de ter um brasileiro na disputa (é sempre bom lembrar que há uma grande parcela de fãs da F1 que não está nem aí para a presença ou não de brasileiros)? Resposta: não há nenhum piloto brasileiro com chances reais de chegar à Fórmula 1 a curto prazo.
Ou melhor: há um, Luiz Razia, que em 2010 teve desempenho mediano na GP2 (11º colocado no campeonato correndo na mesma equipe de Pastor Maldonado, o campeão) e foi piloto de testes da Virgin (piloto reserva é melhor, já que Razia só testou o carro no fim do ano). Alberto Valério é outro brasileiro que correu na GP2 no ano passado, mas foi ainda pior: 22º lugar no campeonato.
Longe de mim condenar Razia ou Valério, afinal, não pude acompanhar a GP2 de perto para analisar o desempenho de cada um deles (os carros são iguais, mas há boas diferenças entre as equipes). De qualquer forma, os resultados provam que há apenas dois postulantes à F1 defendendo as cores do Brasil na categoria de acesso e nenhum deles foi bem.
Na F3 Inglesa, degrau imediatamente abaixo da GP2, quatro brasileiros confirmados: Felipe Nasr, Pipo Derani, Yann Cunha e Lucas Foresti, campeão do F3 Brazil Open Series. O evento que Foresti faturou, aliás, é um exemplo de como o automobilismo brasileiro anda às traças: o torneio de Fórmula 3 estava programado para ser uma corrida secundária durante o fim de semana da realização dos 1.000 km de Interlagos, prova cancelada sem mais nem menos.
Resumo: 9 carros no grid da Fórmula 3 Brazil Open Series e arquibancadas deprimentemente vazias, como acontece em quase todas as categorias que não tem a estrutura de promoção da Stock Car. Stock que leva muito mais gente interessada em passear no domingo que fãs de automobilismo propriamente ditos e é fraca tecnicamente, apesar de ter bons pilotos.
Mesmo assim, a Stock Car é quase o último suspiro do automobilismo brasileiro, que não tem mais campeonato de marcas e vive apenas da Fórmula Future Fiat, criada neste ano, para revelar seus jovens talentos.
Bem estruturada e com um prêmio interessante para o campeão, que ganha uma vaga no programa de jovens pilotos da Ferrari, a Fórmula Future teve grid magro em 2010 (coisa de 10 carros por prova).
Por quê? O buraco é mais embaixo. O kart brasileiro também está falido. Há 10, 15 anos, era só visitar o entorno do kartódromo de Interlagos para ver mais de uma dúzia de lojas de peças para karts. Hoje sobraram duas ou três.
O que era o campeonato Paulista, que formou pilotos como o próprio Felipe Massa, de tão fraco sucumbiu aos torneios bem organizados (mas ainda assim caros) promovidos por kartódromos particulares.
E sem a base, o Brasil já deveria ter aprendido, não se chega a lugar algum. O resultado (ou a falta dele) será visto em breve.
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