Consórcio que pretende levar o GP do Brasil ao Rio de Janeiro teria se sobressaído em meio a propostas segundo O Estado de S. Paulo
A Fórmula 1 terá uma nova casa nas transmissões brasileiras para 2021. De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo e confirmada com fontes do Motorsport.com, a Rio Motorsports, consórcio que quer levar o Mundial ao Rio de Janeiro comprou os direitos de transmissão para a principal categoria do automobilismo mundial, em um contrato válido por cinco anos.
No mês passado, o Grupo Globo confirmou que não renovou os direitos de transmissão da F1 após ser a detentora exclusiva desde os anos 1980. Com isso, a Liberty Media, dona da F1, começou a correr atrás de uma nova casa para o Mundial na televisão brasileira, oferecendo inclusive para outros canais de TV aberta, como SBT, Bandeirantes e TV Cultura.
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Segundo apurado, a pretensão é criar um modelo de transmissão em várias frentes, incluindo TV aberta, fechada e streaming, com o F1TV Pro, o que seria uma novidade para o mercado brasileiro. A F1 tem um serviço próprio de streaming, que está disponível no país, mas apenas com o conteúdo de acervo, sem a transmissão das corridas.
A ideia seria exibir na íntegra os treinos e dar um destaque maior para as corridas.
A estimativa é que a Rio Motorsports tenha um faturamento superior a R$3 bilhões com os cinco anos de contrato, em uma projeção feita com base no rendimento da Rede Globo, de cerca de R$600 milhões por ano.
Apesar de ainda não ter definido para quem eles repassarão os direitos de transmissão, o consórcio já teria entrado em contato com interessados. Nas últimas semanas, o Grupo Disney chegou a demonstrar interesse, já que ela é a detentora dos direitos para boa parte dos países do continente americano.
Um fator que pode ter pesado a favor da Rio Motorsports é a sua boa relação com a Liberty Media, além do modelo de negócio, com um valor superior ao proposto pelas demais emissoras e grupos consultados.
Procurados pelo Motorsport.com, a empresa disse que não fará comentários sobre os direitos de transmissão.
Vale lembrar que a Rio Motorpark também havia fechado em março de 2020 a compra dos direitos de transmissão da MotoGP, cedendo à Fox Sports. Porém o consórcio não pagou parte do valor do acordo, que acabou desfeito. O Grupo Disney entrou em contato diretamente com a Dorna, dona da categoria, e assinou um contrato de seis anos.
Recentemente, o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que o consórcio teria ligação com Rafael Alves, suposto chefe do "QG da Propina" da prefeitura carioca. Alves, que seria o comandante de uma série de atividades corruptas na prefeitura carioca, teria apresentado o dono da Rio Motorpark, JR Pereira, às autoridades municipais.
De acordo com a reportagem do jornal O Dia, que revelou o caso, "diálogos de WhatsApp mostram que Alves validou a influência de JR na prefeitura. As conversas constam no pedido de busca e apreensão que o Ministério Público fez à Justiça para justificar a apreensão de celular e pendrive do prefeito Marcelo Crivella, na última quinta-feira. Os promotores investigam um suposto esquema de propina que envolve licitações direcionadas".
A assessoria do consórcio Rio Motorpark argumenta que JR Pereira sequer foi citado pelo MP no processo.
Circuito no Rio
O autódromo é orçado em cerca de R$ 800 milhões – e visto pela prefeitura do Rio, pelo governo estadual e pelo presidente Jair Bolsonaro como trunfo para desbancar a concorrência de São Paulo e levar novamente a corrida da F1 à capital fluminense. A assinatura do contrato entre a prefeitura e o consórcio Rio Motorpark, responsável pela obra, depende da aprovação do estudo de impacto ambiental (EIA-Rima).
A Floresta do Camboatá, cedida pelo Exército em Deodoro, na zona norte, é considerada o último lugar de Mata Atlântica de áreas planas na cidade e abriga mais de 200 mil árvores, em área equivalente a 120 campos de futebol. O Rio Motorpark pretende compensar o impacto ambiental causado pela construção da pista com uma série de ações, como o replantio de 700 mil árvores, a reutilização de água e políticas de neutralização de carbono.
Rio de Janeiro busca desbancar São Paulo como sede do GP do Brasil de F1
Desde antes do ano passado, as duas cidades travam disputa para receber a etapa brasileira da F1 no futuro. Embora a capital paulista já tenha um autódromo pronto e bastante popular (Interlagos), falta à 'candidatura' paulistana o aporte financeiro que os cariocas dizem ter. São Paulo tem o 'ônus' de ser uma das duas provas da F1, junto de Mônaco, que não pagam taxa para a categoria para sediar uma corrida.
Os promotores da etapa de Interlagos querem uma renovação com a F1. Porém, enfrentam a concorrência fluminense. O Rio teria oferecido cerca de US$ 65 milhões (R$ 353 milhões). Já São Paulo teria feito proposta de US$ 20 milhões (R$ 109 milhões). Segundo o Estadão, os cariocas estariam perto de desbancar os paulistas para ter a prova brasileira da categoria máxima do automobilismo. Entretanto, o Rio Motorpark deu calote recente na MotoGP.
Presidente Bolsonaro quer F1 no Rio
O projeto de levar a F1 para o Rio tem forte apoio político do presidente. O mandatário é paulista, mas fez sua carreira política no Rio e um de seus filhos, Flávio Bolsonaro, é senador pelo estado. Outro herdeiro de Jair, Carlos Bolsonaro é vereador na capital. Todos já defenderam publicamente a construção do autódromo em Deodoro. A iniciativa também tem contrato para receber a MotoGP em 2022, mas as obras parecem longe de começar.
De todo modo, a Secretaria de Esporte do Rio de Janeiro aprovou, em novembro, o projeto para a realização da prova por dez anos na na capital, autorizando captação de R$ 302 milhões em incentivos fiscais para o GP do Brasil de F1 em 2021 e 2022.
Seriam R$ 151 milhões por evento, mas, como o valor começará a ser pago antes, não haverá estouro do limite de R$ 138 milhões anuais previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O valor será investido para pagar parte da taxa à Liberty Media para a realização da prova.
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