Seg, 20 Abr, 10h05
Por Gerson Campos, colunista do Yahoo! Esportes
Não há como sustentar a tese de que algum dos 20 atuais pilotos da Fórmula 1 é melhor que Michael Schumacher. Só os sete títulos, 91 vitórias e 68 poles do alemão já esmagam qualquer tentativa de argumentação. E se alguém pensa isso, dificilmente tem coragem de espalhar a ideia. Mas já dá para dizer que, na mesma fase da carreira, Vettel é superior a Schumacher. Isso, os fatos e números dizem.
Com apenas 29 Grandes Prêmios disputados, Sebastian já venceu duas corridas e fez duas poles. Por duas equipes (Toro Rosso e Red Bull) que nunca tinham largado na posição de honra do grid ou muito menos visto seus pilotos no topo do pódio. Tudo com 21 anos. Nessa idade, Schumacher nem estava na Fórmula 1. Com 29 corridas, tinha vencido uma prova (seu 18º GP) e partido da primeira fila duas vezes. Um resultado sensacional, mas ainda abaixo do fenômeno Vettel. E na época Michael pertencia à Benetton, considerada uma das grandes.
Vettel, portanto, é mais bem sucedido que Schumacher nessa fase da carreira. E não são apenas nos números. O mais jovem piloto a vencer uma prova de Fórmula 1 também demonstra muito mais maturidade nas disputas de posição que o heptacampeão nos idos de 1991, 1992 e 1993. No início daquela década, Schumacher era apontado como apenas um jovem impetuoso que conseguiu tirar do sério até mesmo Ayrton Senna. E mais de uma vez.
Sebastian, mesmo mais jovem, é mais calmo, limpo, técnico e equilibrado que Michael em seu 29º GP (e não me venham dizer que a batida com Robert Kubica em Melbourne foi culpa dele, porque não foi. No máximo, a besteira pode ser dividida entre os dois). Isso quer dizer, então, que a sugestão aqui é de que Vettel superará facilmente os sete títulos de Schumacher? De forma alguma, até porque dificilmente algum piloto conseguirá uma era de ouro como o herói de Maranello entre 2000-2004.
A ideia é mostrar como o nível de profissionalismo da Fórmula atual já leva os times a buscarem no berço os superdotados que antes tinham de disputar ombro a ombro vagas com pilotos pagantes. Vettel, prodígio do programa de desenvolvimento de talentos da Red Bull, é um deles. Chegou à Fórmula 1 assustadoramente jovem e assustadoramente preparado. Com 21 anos, tem nível de pilotagem e estrutura emocional de pilotos com 25, 26 anos.
O efeito colateral é demonstrar a deficiência dos colegas de geração. Veja os casos de Nelsinho Piquet e Kazuki Nakajima. Filhos de ex-pilotos (um de um tricampeão e outro de um trapalhão), ambos tiveram a carreira bancada pelos pais até a F-1. Chegando lá, foram atirados aos leões. Não vão durar. Não funciona. Não têm o talento suficiente para o nível que a categoria exige e foi buscar em "computadores" como Vettel, que também erra, mas muito pouco para alguém com sua quilometragem e idade. Tão pouco que poderia se dar ao luxo de bater no peito (coisa que não fez nem fará, já que parte da preparação dos novos fenômenos é manter a humildade e não falar demais) e dizer que já conquistou mais que o maior de todos os tempos até agora. Não porque seja melhor, mas porque chegou melhor. Azar das outras gerações.
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