quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Em homenagem ao filme do Senna trago a vocês o polemico GP do Japão 1989 de uma outra visão, na câmera ondoard, a 21 anos atrás

O dia da corrida acontecia sob céu nublado, mas sem grandes hipóteses de chuva. A tensão sentia-se no ar, pois aqui era o palco decisivo do campeonato do mundo de Formula 1 e não se sabia como é que isto iria terminar. O primeiro grande momento da corrida é quando os carros largam, e Prost consegue ultrapassar Senna na primeira curva, vítima de uma largada tão má que Berger até consegue ficar ao lado do brasileiro. Contudo, este segurou o segundo posto e partiu ao ataque de Prost.



Parte 1 - Volta de apresentação, largada e uma volta e meia

parte 2 -Mas o francês tinha aproveitado o início da corrida para construir uma vantagem sólida, que chegou até aos sete segundos à volta da 23ª passagem pela meta. A perseguição estava montada, só que Senna não tinha um bom jogo de pneus consigo. Só o teve a partir da 22ª volta

parte 3 - quando montou novos pneus no seu carro, e a vantagem foi diminuindo gradualmente. Na volta 30, esta tinha chegado aos dois segundos, e diminuía gradualmente, com o brasileiro a fazer sucessivamente a volta mais rápida.

parte 4 -Já Senna cheirava os escapes de Prost. Desde a volta 40 que ambos os carros circulavam juntos, com diferenças inferiores a um segundo. Senna e Prost tinham carros diferentes em termos de afinação: o francês tinha mais velocidade de ponta, enquanto que o brasileiro era mais rápido em curva, para compensar a menor velocidade em recta que tinha. Ambos já tinham aberto uma diferença sobre Nannini que chegava a um minuto.

Na volta 46, Senna aproveita bem a sequência de curvas Spoon-130R para chegar mesmo na traseira de Prost, para que pudesse tentar ultrapassá-lo na chicane antes da recta da meta. Mas Prost sabia que ele iria tentar a ultrapassagem, e quando foi a altura de ambos os carros chegarem à chicane… Prost fecha a porta. Mas Senna não desiste e ambos acabam presos um no outro.Prost sai imediatamente do seu carro (para muitos é o sinal de que a sua manobra foi propositada, mas para outros não é nada mais), enquanto que Senna gesticula com os comissários para que o ajudassem a tirar o seu carro dali, pois estavam em zona perigosa. Os comissários lá fizeram, e Senna, cujo motor tinha morrido no embate, aproveitou o facto da chicane ser em zona de descida para recolocá-lo a funcionar. Depois do acidente à 47ª volta, Alain Prost deixa o carro engatado (difícil para os comissários tirarem dali mas até concedemos a dúvida do esquecimento natural) para ver, incrédulo, no local, vendo a manobra de retirada do McLaren de Ayrton [Senna] e seu posterior regresso à pista

parte 5 - O brasileiro voltou à pista,E para piorar as coisas, tinha o bico partido, logo, tinha de fazer uma paragem extra nas boxes para o substituir.

parte 6 - Entretanto, o comando pertencia a Nannini, mas Senna voltou à pista determinado a ficar com o primeiro lugar, e em cinco voltas, guiando no limite das suas capacidades, no final da 51ª volta, Senna ultrapassava o piloto da Benetton no mesmo lugar do acidente. E assim foi até à meta, com o primeiro posto e a esperança de discutir o mundial em Adelaide ainda de pé.

parte 7 - Mas pouco depois, os comissários de pista decidiram que Senna tinha cortado a chicane e desclassificaram-no por isso. Perdendo os nove pontos da vitória, isso significava automaticamente que o campeonato daquele estava atribuído ao piloto francês. Quanto ao primeiro lugar, esse caia nas mãos de Alessandro Nannini, que subia ao lugar mais alto do pódio pela única vez na sua carreira. A seu lado estavam Riccardo Patrese e Thierry Boutsen, ambos da Williams, e nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Lotus-Judd de Nelson Piquet, o Brabham-Judd de Martin Brundle e o Arrows-Judd de Derek Warwick, um resultado incrível, pois partira do 26º posto, o último lugar qualificável da grelha.

“[Senna] volta ao motorhome da McLaren-Honda. Encontra Alain Prost, que lhe fala (era a primeira vez que falavam desde Mónaco) para lhe dizer ‘como sentir ter tudo acabado assim’. Ayrton [respondeu]: ‘Só lhe disse para desaparecer da minha vista, de uma forma que o Ron (Dennis) entendeu bem que a coisa iria ficar preta, e levou o francês dali para fora”.Duas horas depois de tudo terminado, o presidente Balestre explicou na imprensa o desenrolar dos acontecimentos. A McLaren reclamara da decisão da direcção da provam nas os Comissários Desportivos, depois de verem por trinta vezes o vídeo do acidente, decidiram manter a decisão inicial.”

Senna e McLaren decidiram apelar da desclassificação para o Tribunal de Apelo da FIA, em Paris, pois achavam que o brasileiro não tinha retirado qualquer vantagem competitiva ao passar fora da chicane. Mas o tribunal decidiu agravar ainda mais a pena, multando-o em 100 mil dólares (a mais pesada multa aplicada até então) e suspendendo a sua Superlicença por seis meses, outra medida sem precedentes. A colisão de Suzuka tinha entrado na história da Formula 1 para o pior. E muitos sentiram que essa tinha sido uma decisão injusta.

Fontes: Santos, Francisco – Formula 1 1989/90, Ed. Talento/Edipódromo, Lisboa/São Paulo, 1989

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