sábado, 30 de abril de 2011
segunda-feira, 25 de abril de 2011
O martírio de Rubens
por Gerson Campos 25 de abril de 2011 - 11:02
Barrichello pilotou carros médios da Jordan em 1993, 1994, 1995 e 1996. Entre 95 e 96, teve a promessa de que teria um carro de ponta, já que a equipe contava com o apoio da Peugeot. Não teve e conseguiu apenas um pódio em 95.
Em 1997, Rubens apostou no projeto de Jackie Stewart em parceria com a Ford. Andou em carros tenebrosos em 1997 e 1998. Em 1999, finalmente sentou em algo que prestava. Com o modelo daquele ano, liderou o GP do Brasil, subiu no pódio três vezes e conseguiu a vaga na Ferrari para a temporada seguinte. Estava no auge de uma carreira que quase acabou em 1996, quando a história na Jordan chegava ao fim.
A despeito da trajetória em Maranello, da parceria (ou não) com Michael Schumacher e de todas as polêmicas que cercam os seis anos de Barrichello no time italiano, Rubens teve carro para brigar pelo título em 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 – Schumacher foi pentacampeão nesses anos. Barrichello ganhou nove corridas nesse período e foi vice-campeão duas vezes (2002 e 2004), mas nunca esteve efetivamente na briga pelo campeonato. Em
A chegada da temporada 2006 e a estreia na Honda marcavam uma nova era na carreira do brasileiro. A equipe japonesa parecia comprometida em ganhar corridas, mas a primeira temporada na casa nova não trouxe grandes resultados. Nem um mísero pódio.
Mas o maior golpe na motivação de Rubens Barrichello veio em 2007. Com uma filosofia inovadora, a Honda apresentou um carro sem patrocínios. A pintura trazia apenas imagens de satélite da Terra com a inscrição “Earth Dream”, algo como “Terra dos Sonhos”. Foi um pesadelo. Talvez o maior vexame de uma equipe grande (em termos de orçamento) na história.
A Honda não marcou sequer um ponto naquele ano e até mesmo Schumacher, aposentado em 2006, sugeriu a Barrichello que também tirasse o time de campo. Rubens agradeceu o conselho e decidiu tentar novamente em 2008.
Tinha tudo para ser o fim, afinal, ninguém sabia o que seria do espólio da Honda e Barrichello era um piloto caro e velho demais para embarcar em um novo projeto.
Não foi. Em um roteiro que não seria melhor se fosse escrito em Hollywood, a Brawn resgatou o que sobrou da Honda, sapecou um motor Mercedes, fez o melhor carro do grid e o colocou nas mãos de Rubens Barrichello e Jenson Button. Os dois estavam, pela primeira vez, efetivamente na briga pelo título. Como se sabe, Button levou a melhor.
Mesmo assim, Barrichello ainda lucrou muito. Foi um candidato franco ao campeonato mundial até as últimas provas e voltou ao mercado de pilotos.
Acertou com a Williams para 2010, fez um campeonato excelente para o carro que tinha em mãos, impressionou a cúpula do time de Grove e ganhou espaço para prolongar a carreira além dos 300 GPs, algo que parecia impensável há alguns anos.
E tudo com a motivação de um piloto em início de carreira mesmo com a missão de desenvolver o 18º carro de Fórmula 1 de sua carreira, o que é louvável para um profissional que já tem uma situação financeira mais que estabilizada, acumula 11 vitórias no currículo e é o quarto maior pontuador da história da F1.
Mas 2011 trouxe uma novo balde de água fria. O carro é ruim, a equipe perdeu patrocinadores – e por isso os recursos são escassos para desenvolvê-lo – e já se fala da saída de Sam Michael, diretor-técnico da Williams.
É claro que o mundo dá voltas – e o episódio da Brawn em 2009 prova isso –, mas é extremamente improvável que Barrichello cave um lugar em uma equipe competitiva a esta altura da carreira ou mesmo consiga levar a hoje limitada estrutura da Williams a brigar por vitórias novamente.
Motivação tem limite. Quando chegará o de Barrichello?
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Felipe Massa está de volta
por Gerson Campos 18 de abril de 2011 - 10:45
No GP da Alemanha de 2010, quando Felipe Massa escutou de Rob Smedley (engenheiro de pista do brasileiro) a famigerada “Fernando está mais rápido que você”, pouca gente lembra que, ao final da corrida, Massa também ouviu um “Felipe Massa está de volta”. É claro que a segunda frase foi um consolo depois do constrangedor jogo de equipe que abalou a moral do brasileiro durante todo o segundo semestre de 2010. Massa realmente fez uma boa corrida naquele GP da Alemanha, mas foi só. O resto da temporada foi discreto, e Felipe não conseguiu ameaçar Alonso. Massa começou 2011 com uma corrida ruim na Austrália, evoluiu ao fazer um bom GP na Malásia e confirmou a ascensão ao chegar à frente de Alonso durante a prova de domingo passado na China. Agora, sim, parece estar de volta. Combativo, preciso e confiante, Felipe fez uma corrida para subir ao pódio. O problema foi a estratégia de apenas duas paradas escolhida pela Ferrari, que derrubou as chances de qualquer coisa melhor que o sexto lugar de domingo. Sebastian Vettel, que dominou os treinos com folga, também sofreu fazendo apenas dois pit stops. Basta ver que Mark Webber, com três paradas, partiu de 18º para o pódio a apenas 2s3 de Vettel. Webber poderia ter vencido se a corrida tivesse 10 voltas a mais, o que prova como a Red Bull ainda é superior e a vitória de Lewis Hamilton foi muito mais mérito da estratégia do que da qualidade da McLaren. O que, de forma alguma, tira o mérito de Hamilton, que fez uma corrida fantástica. Voltando a falar de Massa: depois de ter ficado a apenas 0s026 de Alonso na classificação, Felipe largou novamente melhor e manteve um bom ritmo durante toda a prova. A Ferrari tentou o pulo do gato ao apostar que os pneus duros garantiriam um bom ritmo no fim da corrida, mas eles não resistiram bem. Quase dois segundos mais lento que os rivais, Massa não tinha como resistir às asas móveis de quem vinha atrás na gigantesca reta do circuito chinês. Fosse em Mônaco, talvez tivesse conseguido ficar em segundo.
Em determinado momento da prova essa era a perspectiva real, mas os pneus não permitiram que ela se concretizasse. Foi uma boa lição para Red Bull e Ferrari. O que importa para o brasileiro não é o resultado em si. É ter feito uma prova consistente e bem melhor que a de Alonso. “Esto muito feliz com o meu desempenho. Foi a melhor corrida neste ano e uma das melhores em comparação com as do ano passado”, disse Massa depois da corrida. Como nunca é demais lembrar, confiança é um ingrediente fundamental no automobilismo. E parece estar voltando à receita de Massa, que tinha desandado. Afinal, como disse Vettel recentemente sobre Felipe, “pilotos não desaprendem de uma hora para outra”.