segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Tudo muda em 2014

A temporada 2013 da Fórmula 1 acabou, Sebastian Vettel a bordo de um RBR mais uma vez venceu a temporada – e com folga, diga-se de passagem, mostrando a muitos que realmente é um excelente piloto. Para efeito de comparação, vejam Mark Webber que tinha o mesmo carro nas mãos: ficou em 3º na classificação com 199 pontos contra 397 de Vettel. Precisa falar mais alguma coisa? Busquei a imagem abaixo que, para mim, foi um dos momentos mais bonitos da F1 atual, quando Vettel quebrou o protocolo de retornar com o seu carro para os boxes após ter vencido a prova que lhe garantiria o título antecipado: voltou para a reta principal, fez alguns zerinhos, saiu do carro e o reverenciou e depois correu um pedaço da pista acenando para o público, comemorando mais um título.
Fórmula 1 - Vettel
Mas o assunto do momento são as mudanças na Fórmula 1 para este ano, o que tem gerado uma enorme expectativa entre as equipes, pilotos e fãs (eu me incluo nessa). A categoria tem caminhado na mesma direção de uma tendência que estamos vendo hoje nas montadoras de veículos: desenvolver motores mais eficientes e, somando-se a isto, tecnologias limpas de propulsão que tenham menor impacto ao meio ambiente.
A Fórmula 1 aos poucos foi perdendo uma característica interessante para as montadoras que era a de servir de campo de prova no desenvolvimento de novas tecnologias para os motores. Desde de 2006, os motores na F1 foram “congelados” o que fez com que o desenvolvimento das equipes para se obter resultados na pista fosse focado na aerodinâmica. O resultado deste desenvolvimento pouco se aproveita para os carros de rua.
Com as regras para 2014, a Fórmula 1 dá um passo para atrair as montadoras à categoria e o primeiro sinal positivo foi o anúncio da Honda confirmando que voltará a fornecer motores para a McLaren a partir de 2015.
Mas o que muda em 2014? Estive durante alguns dias compilando o que consegui encontrar. Fala-se muito do motor, mas na verdade, existem muito mais mudanças para os carros do que apenas motor. No final desta matéria, há uma tabela que montei para comparar as mudanças, não deixe de conferir.
Motor, Câmbio e Recuperação de Energia:
Os motores V8 2.4 aspirados serão substituídos por motores V6 1.6 turbo. Há perda de potência, mas essa perda deverá ser compensada com o ERS (Sistema de Recuperação de Energia) que adiciona 160cv de potência durante 33,3 segundos por volta. Este sistema substitui o atual KERS que adicionava 80cv durante 6,7 segundos. Além disso, os motores terão durar mais: só serão permitidos 5 motores por piloto durante a temporada. Em 2013, este limite era de 8 motores.
Fórmula 1 - Motor Mercedes 2014
Fórmula 1 - Motor Renault 2014
O escapamento, item que até 2013 era duplo e que ainda trazia certa vantagem para algumas equipes por influenciar na aerodinâmica, passará a ser simples, com uma única saída (6×1) que deverá estar localizada abaixo da asa traseira.
Quanto ao câmbio, este terá 8 marchas, uma marcha a mais do que em 2013. Mas outra mudança considerável é a relação de marchas que obrigatoriamente passará a ser fixa em todas as pistas.
Peso e Aerodinâmica
Mesmo com o tanque de combustível menor (máximo de 100kg), o peso mínimo dos carros aumentará de 642kg para 690kg. Isso se deve principalmente ao conjunto de motor e câmbio serem mais pesados.
O aerofólio traseiro não terá mais a aleta inferior. A asa traseira terá seu ângulo de profundidade alterado de 220mm para 200mm, o que deverá “segurar” mais o carro, favorecendo o controle em curvas e desfavorecendo nas retas. No entanto, o DRS (sistema de abertura de asa para ultrapassagem) terá seu ângulo aumentado de 50mm para 70mm.
Na dianteira, o bico será mais baixo e passará para de, no mínimo, 550mm para 185mm, o que desfavorece a aerodinâmica. O polêmico degrau no bico foi banido e a asa dianteira será reduzida 15cm em seu comprimento, passando para 165cm.
Os sidepods (entradas de ar laterais) deverão ser maiores para suprir a demanda maior de arrefecimento do novo motor. As zonas de deformidade foram padronizadas pela FIA, o que contribui para o equilíbrio entre as equipes e reduz custos.
O desafio das equipes
O grande desafio das equipes não será desenvolver toda tecnologia para atender a todas essas mudanças, mas de encontrar a melhor equação entre potência, aerodinâmica, arrefecimento do motor e economia de combustível. Comenta-se que há grande chance de algumas equipes não completarem uma prova ou outra por pane seca.
Há ainda mais um importante ingrediente para esquentar esta receita: Em 2014 a Pirelli fornecerá novos pneus que ainda não foram testados. Na verdade, Vettel deu uma volta com eles em Interlagos para fornecer à Pirelli dados de mudança de comportamento dinâmico. O teste deveria ser feito por todas as equipes, mas o tempo chuvoso não permitiu.
Todo esse conjunto de mudanças gera grande expectativa, pois equipes como RBR que até agora eram superiores, poderão ficar no pelotão intermediário e equipes como Williams que ficou apenas à frente da Caterham e Marussia, poderá voltar a brigar pelo título. Ninguém sabe de fato quem estará melhor.
Os testes de pré-temporada serão em Janeiro no circuito do Bahrein onde todo esse conjunto será testado pela primeira vez pelas equipes.
E então? Quais equipes vocês acham que vão se dar bem em 2014? Deixem seus comentários.

Comparativo Fórmula 1 2013 x 2014

Motor
2013
2014
Cilindros / Arquitetura
8 cilindros em V a 90°
6 cilindros em V a 90°
Diâmetro (mm)
98 (máximo)
80
Curso
Livre
53mm
Número de válvulas
32
24
Cilindrada
2.4
1.6
Admissão
Aspirado
Turbo (pressão de 3,5 bars)
Vazão de combustível
Livre (média de 170kg/h)
Até 100kg/h
Consumo
Livre (média de 160kg/prova)
Até 100kg por prova
Escapamento
Duplo
Simples
Injeção
Indireta
Direta
Rotação máxima (rpm)
18.000
15.000
Potência
750cv (em média)
600cv (estimado)
Quantidade máxima no ano por piloto
8 motores
5 motores
Sistema de Recuperação de Energia
2013
2014
Sistema
KERS: Energia gerada por meio do calor dissipado pelos freios.
ERS: Energia gerada por meio do calor dissipado pelos freios e pelo turbocompressor.
Potência
80cv durante 6,7 segundos por volta
160cv durante 33,3 segundos por volta
Câmbio
2013
2014
Número de marchas
7
8
Relação de Marcha
Livre
Igual para todas as corridas
Utilização mínima
5 corridas consecutivas
6 corridas consecutivas
Peso e Aerodinâmica
2013
2014
Comprimento da asa dianteira
180mm
165mm
Altura mínima do bico
550mm
185mm
Ângulo de Profundidade da asa traseira
220mm
200mm
Ângulo de Abertura do DRS
50mm
70mm
Peso mínimo
642kg
690kg
Autor Eduardo Silva

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