A temporada 2013 da Fórmula 1 acabou, Sebastian Vettel a bordo de um RBR mais uma vez venceu a temporada – e com folga, diga-se de passagem, mostrando a muitos que realmente é um excelente piloto. Para efeito de comparação, vejam Mark Webber que tinha o mesmo carro nas mãos: ficou em 3º na classificação com 199 pontos contra 397 de Vettel. Precisa falar mais alguma coisa? Busquei a imagem abaixo que, para mim, foi um dos momentos mais bonitos da F1 atual, quando Vettel quebrou o protocolo de retornar com o seu carro para os boxes após ter vencido a prova que lhe garantiria o título antecipado: voltou para a reta principal, fez alguns zerinhos, saiu do carro e o reverenciou e depois correu um pedaço da pista acenando para o público, comemorando mais um título.
Mas o assunto do momento são as mudanças na Fórmula 1 para este ano, o que tem gerado uma enorme expectativa entre as equipes, pilotos e fãs (eu me incluo nessa). A categoria tem caminhado na mesma direção de uma tendência que estamos vendo hoje nas montadoras de veículos: desenvolver motores mais eficientes e, somando-se a isto, tecnologias limpas de propulsão que tenham menor impacto ao meio ambiente.
A Fórmula 1 aos poucos foi perdendo uma característica interessante para as montadoras que era a de servir de campo de prova no desenvolvimento de novas tecnologias para os motores. Desde de 2006, os motores na F1 foram “congelados” o que fez com que o desenvolvimento das equipes para se obter resultados na pista fosse focado na aerodinâmica. O resultado deste desenvolvimento pouco se aproveita para os carros de rua.
Com as regras para 2014, a Fórmula 1 dá um passo para atrair as montadoras à categoria e o primeiro sinal positivo foi o anúncio da Honda confirmando que voltará a fornecer motores para a McLaren a partir de 2015.
Mas o que muda em 2014? Estive durante alguns dias compilando o que consegui encontrar. Fala-se muito do motor, mas na verdade, existem muito mais mudanças para os carros do que apenas motor. No final desta matéria, há uma tabela que montei para comparar as mudanças, não deixe de conferir.
Motor, Câmbio e Recuperação de Energia:
Os motores V8 2.4 aspirados serão substituídos por motores V6 1.6 turbo. Há perda de potência, mas essa perda deverá ser compensada com o ERS (Sistema de Recuperação de Energia) que adiciona 160cv de potência durante 33,3 segundos por volta. Este sistema substitui o atual KERS que adicionava 80cv durante 6,7 segundos. Além disso, os motores terão durar mais: só serão permitidos 5 motores por piloto durante a temporada. Em 2013, este limite era de 8 motores.
O escapamento, item que até 2013 era duplo e que ainda trazia certa vantagem para algumas equipes por influenciar na aerodinâmica, passará a ser simples, com uma única saída (6×1) que deverá estar localizada abaixo da asa traseira.
Quanto ao câmbio, este terá 8 marchas, uma marcha a mais do que em 2013. Mas outra mudança considerável é a relação de marchas que obrigatoriamente passará a ser fixa em todas as pistas.
Peso e Aerodinâmica
Mesmo com o tanque de combustível menor (máximo de 100kg), o peso mínimo dos carros aumentará de 642kg para 690kg. Isso se deve principalmente ao conjunto de motor e câmbio serem mais pesados.
O aerofólio traseiro não terá mais a aleta inferior. A asa traseira terá seu ângulo de profundidade alterado de 220mm para 200mm, o que deverá “segurar” mais o carro, favorecendo o controle em curvas e desfavorecendo nas retas. No entanto, o DRS (sistema de abertura de asa para ultrapassagem) terá seu ângulo aumentado de 50mm para 70mm.
Na dianteira, o bico será mais baixo e passará para de, no mínimo, 550mm para 185mm, o que desfavorece a aerodinâmica. O polêmico degrau no bico foi banido e a asa dianteira será reduzida 15cm em seu comprimento, passando para 165cm.
Os sidepods (entradas de ar laterais) deverão ser maiores para suprir a demanda maior de arrefecimento do novo motor. As zonas de deformidade foram padronizadas pela FIA, o que contribui para o equilíbrio entre as equipes e reduz custos.
O desafio das equipes
O grande desafio das equipes não será desenvolver toda tecnologia para atender a todas essas mudanças, mas de encontrar a melhor equação entre potência, aerodinâmica, arrefecimento do motor e economia de combustível. Comenta-se que há grande chance de algumas equipes não completarem uma prova ou outra por pane seca.
Há ainda mais um importante ingrediente para esquentar esta receita: Em 2014 a Pirelli fornecerá novos pneus que ainda não foram testados. Na verdade, Vettel deu uma volta com eles em Interlagos para fornecer à Pirelli dados de mudança de comportamento dinâmico. O teste deveria ser feito por todas as equipes, mas o tempo chuvoso não permitiu.
Todo esse conjunto de mudanças gera grande expectativa, pois equipes como RBR que até agora eram superiores, poderão ficar no pelotão intermediário e equipes como Williams que ficou apenas à frente da Caterham e Marussia, poderá voltar a brigar pelo título. Ninguém sabe de fato quem estará melhor.
Os testes de pré-temporada serão em Janeiro no circuito do Bahrein onde todo esse conjunto será testado pela primeira vez pelas equipes.
E então? Quais equipes vocês acham que vão se dar bem em 2014? Deixem seus comentários.
Comparativo Fórmula 1 2013 x 2014
Motor
2013
|
2014
| |
Cilindros / Arquitetura |
8 cilindros em V a 90°
|
6 cilindros em V a 90°
|
Diâmetro (mm) |
98 (máximo)
|
80
|
Curso |
Livre
|
53mm
|
Número de válvulas |
32
|
24
|
Cilindrada |
2.4
|
1.6
|
Admissão |
Aspirado
|
Turbo (pressão de 3,5 bars)
|
Vazão de combustível |
Livre (média de 170kg/h)
|
Até 100kg/h
|
Consumo |
Livre (média de 160kg/prova)
|
Até 100kg por prova
|
Escapamento |
Duplo
|
Simples
|
Injeção |
Indireta
|
Direta
|
Rotação máxima (rpm) |
18.000
|
15.000
|
Potência |
750cv (em média)
|
600cv (estimado)
|
Quantidade máxima no ano por piloto |
8 motores
|
5 motores
|
Sistema de Recuperação de Energia
2013
|
2014
| |
Sistema |
KERS: Energia gerada por meio do calor dissipado pelos freios.
|
ERS: Energia gerada por meio do calor dissipado pelos freios e pelo turbocompressor.
|
Potência |
80cv durante 6,7 segundos por volta
|
160cv durante 33,3 segundos por volta
|
Câmbio
2013
|
2014
| |
Número de marchas |
7
|
8
|
Relação de Marcha |
Livre
|
Igual para todas as corridas
|
Utilização mínima |
5 corridas consecutivas
|
6 corridas consecutivas
|
Peso e Aerodinâmica
2013
|
2014
| |
Comprimento da asa dianteira |
180mm
|
165mm
|
Altura mínima do bico |
550mm
|
185mm
|
Ângulo de Profundidade da asa traseira |
220mm
|
200mm
|
Ângulo de Abertura do DRS |
50mm
|
70mm
|
Peso mínimo |
642kg
|
690kg
|
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