terça-feira, 1 de novembro de 2016

A uma vitória do título mundial, Rosberg fica ‘entre a cruz e a espada’ no GP do Brasil

WARM UPFERNANDO SILVA, de Sumaré
DEPOIS DA EMPOLGAÇÃO EM RAZÃO DA maravilhosa torcida asteca e de todas as polêmicas que marcaram o GP do México, a F1 já começa a pensar na penúltima etapa da temporada 2016, o GP do Brasil. Palco da decisão dos títulos de 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2012, Interlagos tem tudo para ser o cenário da definição do Mundial de Pilotos também neste ano. Basta Nico Rosberg repetir os feitos das duas últimas temporadas e vencer em São Paulo. Uma matemática bem mais simples que a combinação improvável que lhe daria o título no último domingo no México — teria de vencer e o rival, Lewis Hamilton, sequer pontuar. Mas a questão é saber qual postura Nico vai adotar em Interlagos dentro de menos de duas semanas.
 
Tão logo viu o motor de Hamilton explodir nas voltas finais do GP da Malásia, Rosberg claramente passou a jogar com o regulamento debaixo do braço. O que é absolutamente compreensível. Após ter sido bafejado pela sorte de campeão em Suzuka, onde Lewis falhou na largada, garantindo uma vitória tranquila ao rival, Nico viu duas vitórias consecutivas do britânico e terminou em segundo lugar nos GPs dos Estados Unidos e do México, vendo a vantagem cair de 33 pontos no Japão para 19 após o fim da disputa no Autódromo Hermanos Rodríguez.

A matemática do título é clara. Com 349 pontos, Rosberg chegará aos 374 se vencer em Interlagos, dentro de duas semanas. Mesmo que Hamilton termine em segundo lugar em São Paulo e vença em Abu Dhabi, ainda que Nico não pontue, o britânico vai alcançar o máximo de 373 pontos. Assim, só uma vitória em Interlagos separa Rosberg de repetir o feito do seu pai, Keke, e ser o segundo filho de campeão a chegar ao título mundial de F1.
Mas será em Interlagos que Rosberg ficará entre ‘a cruz e a espada’. O alemão tem duas opções: ser o mesmo piloto arrojado da maior parte da temporada e ser incisivo desde o começo do fim de semana em São Paulo, mostrando que quer lutar pela vitória e fazer de tudo para chegar lá. Se der tudo certo, Nico vai deixar o Brasil com a ‘taça do mundo’ nas mãos. É a grande hora de garantir o título no seu segundo ‘match-point’.
No entanto, caso seja burocrático em Interlagos como foi no México neste domingo, Rosberg deixaria o Brasil com 367 pontos, caso chegue em segundo lugar. Por sua vez, se vencer em São Paulo, Hamilton pularia para 355 pontos, ficando só 12 atrás do rival. Ainda seria uma vantagem bastante confortável para Rosberg diante da última corrida do ano, em Abu Dhabi, mas seria brincar demais com a sorte contar com essa vantagem em uma temporada marcada por alguns problemas de motor da Mercedes e, que no fim do campeonato, tem a ascensão da Red Bull, que passou a ser uma pedra no sapato da Mercedes — mais nos Estados Unidos do que no México, diga-se, mas é uma ameaça a ser considerada.
Claro, evidente que ninguém torce para que o motor de um ou de outro piloto quebre, mas trata-se de possibilidades que existem, e isso aconteceu com Hamilton na China, na Rússia e na Malásia. A sorte, às vezes, pode mudar de lado e voltar a sorrir para Lewis. Rosberg, por outro lado, corre um risco calculado, mas que tem as suas chances de dar errado.
Convenhamos, seria muito, muito cruel ver Rosberg perder um título enormemente merecido por uma quebra de motor, por exemplo. Seria até injusto por tudo o que o alemão fez ao longo do ano. Mas é preciso lembrar que o esporte, vide sua história, nem sempre é justo.
Ao agir com conservadorismo, Rosberg flerta com o perigo. Tomara que em Interlagos a postura mude e que ele parta para o ataque, entregando aos fãs nas arquibancadas do circuito paulistano um grande embate com Hamilton. Em um fim de ano marcado pela incerteza sobre o futuro do Brasil na F1, seria ao menos um alento ver São Paulo receber mais uma decisão de título mundial
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