segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Massa e Alonso brigarão, mas na pista

Part 1

Por Gerson Campos, colunista do Yahoo! Esportes

Prepare-se: você ouvirá e lerá muitas besteiras a respeito da relação entre Felipe Massa e Fernando Alonso e um possível favorecimento da Ferrari ao espanhol. Massa e Alonso podem se desentender? Claro, os dois já bateram boca no passado após um toque no GP da Alemanha de 2007 diante das câmeras (videos) . A equipe pode favorecer o bicampeão? Certamente, mas só se ele abrir uma boa vantagem na briga pelo título. Até agora, os pilotos estão em ótimo clima e o time promete tratar ambos da mesma forma. Mas as teorias da conspiração afirmando que Alonso é o primeiro piloto e Massa será apenas coadjuvante começaram. E já estão cansando.

Ninguém deve ser ingênuo: Alonso tem dois títulos mundiais, é considerado pelos que trabalham na Fórmula 1 o melhor piloto do grid (se bem que essa pesquisa precisa ser refeita daqui a alguns meses, com Michael Schumacher novamente incluído na lista), chega à Ferrari “babando” depois de dois anos melancólicos na Renault e terá um salário cerca de três vezes maior que o de Massa – o brasileiro ganhará aproximadamente US$ 8 milhões por ano (R$ 14 milhões), enquanto o asturiano levará algo perto de US$ 25 milhões (R$ 44 milhões).

Mas há dois fatores muito importantes que distanciam a relação Alonso-Massa da parceria que tiveram Michael Schumacher e Rubens Barrichello. Primeira: Felipe não tem um contrato que o obrigue a abrir passagem para Alonso. Barrichello, como ficou provado no GP da Áustria de 2002, era obrigado contratualmente a deixar Schumacher passar quando a Ferrari quisesse. Naquela ocasião, vale lembrar, Schumacher liderava o campeonato com grande folga e Barrichello dominou todo o fim de semana do GP austríaco. Quando vinha para vencer com tranquilidade, o brasileiro foi obrigado a ceder o primeiro lugar ao alemão em uma atitude que manchou a carreira de ambos e escancarou a posição de coadjuvante de Rubens no time de Maranello.

Isso não aconteceu nos anos em que Massa correu ao lado de Kimi Raikkonen e não acontecerá com Alonso. E aí as memórias dos últimos três campeonatos explicam por quê: como Alonso, Raikkonen chegou à Ferrari ganhando bem mais que Massa, ocupando a vaga de Schumacher e como grande aposta da equipe italiana para voltar ao topo. Kimi fez um campeonato irregular em 2007, mas arrancou de forma impressionante na segunda metade da temporada e sagrou-se campeão com a ajuda de Massa, que cedeu a vitória no GP do Brasil ao finlandês. Naquela ocasião, a Ferrari só pediu a Felipe que abrisse caminho para Raikkonen no último GP do ano, quando o brasileiro já não tinha mais chances de ser campeão. Até algumas provas antes, o tratamento dispensando aos dois pilotos era o mesmo.

Em 2008, Massa superou Raikkonen e levou a disputa ao título com Lewis Hamilton até a última curva da última corrida. Ganhou definitivamente o carimbo de “grande piloto” e aumentou ainda mais a admiração e o respeito da Ferrari em torno de seu trabalho. Em 2009, até o acidente que o tirou das pistas no GP da Hungria, Felipe vinha superando Raikkonen.

Por que em 2010, portanto, deve-se acreditar que Alonso chegará chutando pênalti, colocará Massa no bolso logo de cara e fará a Ferrari trabalhar para ele como acontecia com Schumacher? Essa é uma visão bem limitada das coisas.

Massa está no nível dos melhores pilotos da Fórmula 1, é contratado da Ferrari desde 2002, vai para sua quinta temporada pelo time de Maranello e não é do tipo que aceitaria um posto de segundo piloto escancarado. Do contrário, pegaria o boné e procuraria outro lugar. Os homens de comando da Ferrari sabem disso.

Part 2

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