0
A F1 está a quatro meses de ver oficialmente uma nova equipe americana em seu grid: a Haas F1. Curiosamente, a última incursão de um time do país na categoria levava o mesmo nome, porém, outros donos, talvez até mais conhecidos no Brasil.
Os EUA tiveram algumas equipes na história da F1. Penske e Eagle tiveram um programa bem interessante para a categoria e chegaram a vencer uma corrida cada. A Shadow correu por quatro anos com a licença americana, mas quando venceu sua única prova, já corria pela Grã-Bretanha.
Em 1984, Carl Haas, dono da equipe de Indy Newman-Haas, conseguiu um patrocínio da Beatrice Foods, grupo com foco no ramo de alimentos, mas que também tinha companhias de vários outros setores, como químicos e serviços. O acordo previa também a fundação de um time na F1. A promessa era de um contrato de cinco anos e que dinheiro não faltaria para desenvolver uma organização vitoriosa.
O dirigente americano, então, formou uma estrutura de dar inveja. Contratou os ex-McLaren Teddy Mayer (que acabou se tornando sócio da iniciativa) e Tyler Alexander para administrarem a equipe e montou uma base em Londres pela empresa FORCE (Formule One Racing Car Engeneering) para projetar e construir os carros, com Phil Kerr, outro ex-McLaren, como presidente.
Para o projeto do carro, foram contratados Neil Oatley e Ross Brawn, ambos vindos da Williams, e John Baldwin, que era da March. O presidente da Beatrice, Jim Dutt, também convenceu a Ford de financiar um novo motor Cosworth V6 turbo especialmente para o time.
A Lola nunca esteve envolvida no projeto, mas deu nome ao chassi em uma cortesia de Haas, que era o importador oficial dos carros da marca nos Estados Unidos. Por conta disso, até hoje, muitas pessoas ainda lembram da equipe como Lola-Haas.
Assim, formou-se o seguinte cenário: um dirigente americano com tradição e experiência no automobilismo, nomes administrativos e técnicos experientes para tocar o projeto, estrutura montada na Inglaterra, uma fabricante importante de motores com dinheiro de uma montadora global, e dinheiro de um grande patrocinador. Nada mal. Só que as coisas nem sempre saem como planejado.
O primeiro modelo do time, o THL1 foi desenvolvido durante o final de 1984 e boa parte de 85. Sendo assim, a equipe só estreou no final da temporada, na 12ª etapa. O campeão de 80, Alan Jones, aceitou voltar da aposentadoria para pilotar o único carro da equipe.
O problema é que o motor Cosworth não ficou pronto a tempo, e a Haas teve que fechar um acordo temporário com a Hart, que tinha um V4 bem menos potente que os principais propulsores da categoria. Na estreia, Jones ficou em 25º (penúltimo) na classificação, a 9s8 do pole, Ayrton Senna, de Lotus-Renault.
A equipe entrou em três corridas e não terminou nenhuma, todas com problemas mecânicos. A melhor posição de grid foi um 19º, em Adelaide. Nesta última, Jones chegou a andar na sexta posição antes de abandonar, o que comprovava que em um circuito menos exigente para o motor, o chassi tinha um bom desempenho.
Para 1986, a equipe manteve sua programação e projetou um novo carro, o THL2, pensado especialmente para receber o novo motor Cosworth. Só que, mais uma vez, a fornecedora atrasou a entrega do propulsor, o que obrigou a Haas a começar a temporada com o THL1, equipado com o Hart V4. Para o segundo carro do time, foi contratado o francês Patrick Tambay, outro piloto já com experiência e duas vitórias no currículo. Em sua segunda prova, ele conseguiu um bom oitavo lugar, em Jerez.
A estreia do THL2 aconteceu em Ímola, nas mãos apenas de Jones. O resultado inicial, porém, foi decepcionante, com ele andando bem atrás de Tambay, e seu THL1-Hart. A primeira impressão passada pelo australiano sobre o novo carro é de que o chassi era bom e promissor, mas sofria com falta de potência do motor Ford Cosworth. Para se ter ideia, na classificação, Tambay, 13º, foi 2s2 mais rápido que Jones, 21º, mesmo com o modelo antigo.
No vídeo abaixo, uma reportagem da época da BBC sobre o desenvolvimento do motor Cosworth para o carro:
Nenhum comentário:
Postar um comentário