segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sem vitória há 2458 dias, Brasil passa a amargar maior jejum do país na F1

Último triunfo do país foi há quase 7 anos, com Barrichello, em setembro de 2009. Jejum anterior durou da última vitória de Senna em 1993 até 1ª de Rubinho, em 2000

Rubens Barrichello venceu o GP da Itália de 2009 (Foto: Getty Images)

GP da Itália 2009 (Italian Grand Prix 2009)
Nesta segunda-feira, 6 de junho, o Brasil passa a amargar seu maior jejum desde que começou a vencer na Fórmula 1, em 1970, com Emerson Fittipaldi. De lá para cá, foram 101 triunfos, o último deles, até o momento, no dia 13 de setembro de 2009, quando Rubens Barrichello cruzou a linha de chegada em primeiro no GP da Itália. Desde então, o "Tema da Vitória" nunca mais tocou. São quase 7 anos. Mais precisamente 2.458 dias. Período que passa a ser maior que o intervalo entre a vitória de Ayrton Senna no GP da Austrália em 7 de novembro de 1993 até o triunfo do próprio Rubinho no GP da Alemanha em 30 de julho de 2000, antigo maior jejum (2457 dias). Um intervalo grande e raro para um dos países de maior sucesso na categoria. Com mais de 100 triunfos e oito títulos mundiais, o Brasil está atrás apenas de Reino Unido (16 títulos e 248 vitórias) e Alemanha (11 títulos e 163 vitórias) na lista das nações de maior sucesso na F1. 

Última vitória de Senna, no GP da Austrália de 1993 (Foto: Getty Images)
Primeira vitória de Rubens Barrichello, no GP da Alemanha de 2000 (Foto: Getty Images)

Atualmente, o país conta com dois representantes: Felipe Massa (Williams) e Felipe Nasr (Sauber). A Williams não dá sinais de que pode vencer corridas este ano, muito menos a Sauber, que sequer pontuou. Por isso, o jejum tende a se estender, pelo menos, até o fim da temporada. Para 2017, a história pode mudar. Com novidades no regulamento, historicamente é uma grande oportunidade para a ordem de forças entre as equipes se alterar. Além disso, Massa e Nasr estão nos últimos anos de seus contratos e podem pintar em novos times.
No pior cenário possível, caso ambos não consigam vagas - o que não parece que acontecerá - aí a situação do país na F1 fica ainda mais complicada. Sem representantes na GP2, principal categoria de base, as promessas brasileiras mais próximas de chegar à categoria são Pedro Piquet e Sergio Sette Câmara (Fórmula 3 europeia), e Pietro Fittipaldi e Bruno Baptista (Fórmula V8 - antiga F-Renault 3.5). Os quatro, no entanto, ainda possuem poucos anos de experiência em monopostos e não devem chegar à F1 antes de 2018.
MAIORES JEJUNS DO BRASIL NA FÓRMULA 1:

2458 dias: Rubens Barrichello (GP da Itália 2009) - em andamento
2457 dias: Ayrton Senna (GP da Austrália 1993) - Rubens Barrichello (GP da Alemanha 2000)
1716 dias: Emerson Fittipaldi (GP da Inglaterra 1975) - Nelson Piquet (GP dos EUA 1980)
Última vitória de Felipe Massa na Fórmula 1 foi em Interlagos, em 2008 (Foto: AFP)
HISTÓRIA DE VITÓRIAS E TÍTULOS:

O Brasil demorou a começar a vencer. Quem abriu as portas foi Emerson Fittipaldi, no GP dos EUA de 1970. Era o início de uma Era de Ouro para o automobilismo no país. Dali até 1993, poucos foram os anos que o país passou em branco. Emmo não venceu em 1971, mas voltou a subir ao alto do pódio no ano seguinte, quando conquistou seu primeiro título. Ele venceu pelo menos uma corrida por temporada até 1975, ano que contou também com o triunfo de José Carlos Pace em Interlagos. Quando Fittipaldi, já bicampeão mundial, foi para a Coperscuar, em 1976, veio o primeiro grande jejum do país. Foram cinco anos até surgir outra grande estrela: Nelson Piquet. O carioca crescido em Brasília debutou em 1978 e levou a primeira em 1980. Tomou gosto pela coisa e virou frequentador assíduo do topo do pódio, sendo campeão de 1981 e 1983 com a Brabham.

Emerson Fittipaldi conquistou as primeiras vitórias do Brasil na Fórmula 1 (Foto: Getty Images)
José Carlos Pace conquistou uma vitória na Fórmula 1, no GP do Brasil de 1975 (Foto: Reprodução)
Em 1985, passou a dividir as atenções com um jovem promissor que viria a ser mais um gigante brasileiro das pistas, Ayrton Senna. Nos dois anos seguintes, Nelsão, tri em 1987, seguia como o presente e Senna como o futuro do Brasil na categoria. A transição veio em 1988. Já na McLaren, Ayrton passou a ser a estrela maior, com dezenas de vitórias que culminaram nos títulos de 1988, 1990 e 1991, enquanto os triunfos de Piquet passaram a ser mais espaçados até a aposentadoria. Vale lembrar que no fim de 1990 e no início de 1991, a dupla emplacou uma série de sete vitórias consecutivas para o Brasil. Senna ainda continuou vencendo por mais duas temporadas. Foram nada menos que 14 anos seguidos com pelo menos uma vitória brasileira de 1980 a 1993. 
Nelson Piquet comemora uma de suas 23 vitórias na Fórmula 1, esta pela equipe Williams (Foto: Agência Getty Images)
A sequência foi interrompida na fatídica temporada de 1994. Sem Piquet, já aposentado, o Brasil perdeu também Senna, vítima do trágico acidente em Ímola. A esperança da torcida para que fosse dada sequência ao período de ouro caiu precocemente nos ombros de Rubens Barrichello, ainda um jovem de 22 anos, em sua segunda temporada, guiando pela modesta Jordan. Após alguns anos na Stewart, Rubinho entrou no hall dos vencedores em 2000, com a Ferrari, em um emocionante GP da Alemanha onde largou em 18º.
Ayrton Senna em vitória no GP do Brasil de 1993 (Foto: Edu Garcia / Ag. Estado)
Barrichello passou em branco em 2001, mas venceu mais oito provas entre 2002 e 2004. Em 2006, deu lugar ao compatriota Felipe Massa na Ferrari. E Massa deu sequência à tradição de vitórias brasileiras na F1. Foram 11 até 2008. A última, até o momento, foi naquele histórico GP do Brasil, quando cruzou a linha de chegada como campeão mundial, mas viu Lewis Hamilton ficar com o título após passar Timo Glock nas últimas curvas. De lá para cá, Massa não venceu mais. Seu jejum é maior do que o do país, pois em 2009 Rubinho, com o "cometa" Brawn GP, venceu mais duas. 
Felipe Nasr e Felipe Massa são os representantes do Brasil na Fórmula 1 atualmente (Foto: EFE)
De lá para cá, outros pilotos do pais, como Bruno Senna, Lucas di Grassi e Nelsinho Piquet também correram na F1, mas apenas Felipe Massa competia em uma equipe forte. Ele, porém, teve poucas oportunidades de vitória. Quem dava as cartas na categoria era a RBR. Em 2014, Massa seguiu para a Williams e voltou a ser competitivo, mas a soberania hoje em dia é da Mercedes. Atualmente, além de Massa, o Brasil conta com a presença de Felipe Nasr. Porém, se a Sauber tem dificuldades até de marcar pontos, a vitória ainda segue um sonho muito distante para o jovem de 23 anos.
Pedro Piquet, Pietro Fittipaldi, Sette Câmara e Bruno Baptista são as promessas brasileiras na base (Foto: Divulgação)
http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2016/06/sem-vitoria-ha-2458-dias-brasil-passa-amargar-maior-jejum-do-pais-na-f1.html

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